O desnivelamento das competições europeias e o que podemos aprender com elas.

Entrelinhas Gestão Esportiva
3 min readAug 13, 2020

Já não é novidade a discussão a respeito da disparidade financeira no futebol brasileiro e seus efeitos em termos de competitividade entre os clubes que disputam a 1ª divisão do Campeonato Brasileiro, debate este que nossos parceiros do Cadeira Central trazem com maestria na sua página. Nosso foco da discussão porém traz a tona outro lado da moeda que diz respeito aos campeonatos europeus e a NBA e as lições que podemos tirar dessas ligas, sejam elas positivas ou não.

Ano após ano os principais campeonatos europeus, com exceção da Premier League, tem se tornado cada vez mais previsíveis, principalmente quando o assunto em questão é quem será o campeão. Clubes tradicionais ou com injeções multimilionárias de dinheiro potencializaram ao longo das últimas décadas seus poderios financeiros de acordo com uma indústria esportiva cada vez mais pautada pelo dinheiro e os investimentos que o mesmo proporciona, formando assim uma bolha muito dificil de se furar. Vimos com isso campeonatos com “cartas marcadas” onde PSG, Juventus, Bayern de Munique e Barcelona ou Real reinam absolutos, restando para estes a Champions League como desafio mais árduo, uma vez que as competições nacionais já são uma espécie de “obrigação”. O ponto em questão onde queremos chegar é que o dinheiro não necessariamente representa avanço para o esporte e para o produto futebol, obviamente que ele ajuda a desenvolver e proporcionar melhorias, entretanto é necessário que as entidades e organizações busquem mecanismos para regular o mercado cada vez mais inflacionado do futebol e valorizar os clubes que investem em gestões equilibradas e eficientes. Tomando como exemplo o Fair Play Financeiro, vemos que pouco adianta impôr regras que contem brechas onde os clubes podem contorna-las ou quando não, a exemplo do Manchester City, suas penas são reduzidas e não os causam punições efetivas de fato.

O intuito deste texto não é o de afirmar que o futebol europeu não serve de modelo para o nosso, mas pôr em perspectiva que eles também “sofrem” com questões ligadas a gestão, e que talvez seja mais proveitoso olharmos para outros esportes também, por exemplo a NBA, liga norte-americana de basquete, que possui teto salarial e o sistema de draft, que é a forma com a qual as equipes da Liga podem adquirir salariais e o Draft, sistema de contratação de jogadores oriundos das ligas universitárias ou internacionais, que “beneficia” as equipes que não foram bem na temporada anterior e que tem a chance de contratar os principais destaques que estão fora da NBA e assim se fortalecerem. O que é interessante dessas 2 medidas é que elas estipulam limites para as equipes, ainda que existam algumas exceções, os times precisam estar sempre se adequando a estas restrições e isso promove uma competitividade maior que a que vemos no futebol, por exemplo. Este é apenas um exemplo de liga norte-americana, mas existem outros que funcionam de forma parecida e dão pistas de como tornar as competições mais disputadas e consequentemente atrativas para todos os envolvidos.

Cada contexto apresenta uma particularidade própria a seu esporte ou região onde é disputada e isso deve ser entendido na hora de se tomar decisões também. O que joga contra o futebol é o modelo de gestão e negócios que está em voga há mais de cem anos, o que se torna um grande problema para se tomar um caminho diferente do que estamos atualmente, entretanto isto não é desculpa para aceitarmos também que equipes gastem quantidades exorbitantes de dinheiro e tornem disputas até desleais de certa forma, precisamos de gestores e players desse mercado olhando, discutindo e cobrando isso das entidades e federações. E onde o futebol brasileiro entra nisso? Bom aqui não é tão diferente do que imaginamos, mas deixamos para nossos parceiros da Cadeira Central contarem em seu texto.

Esse texto faz parte de uma “tabelinha” de conteúdo com o Cadeira Central, que trouxe sua visão sobre o assunto aqui: Para competir no futuro, sigam eles e interajam com a gente, sua opinião é importante para mantermos o debate.

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